Dr. Luiz Flávio
Entre os primeiros passos da maior parte das mulheres quando começam as tentativas para engravidar está a observação do período fértil, muitas vezes com auxílio ginecológico, que resulta no acompanhamento do ciclo menstrual dia a dia.
Esse monitoramento é importante inclusive para detectar possíveis problemas de saúde que possam provocar diferentes formas de infertilidade, como alterações hormonais decorrentes da SOP (síndrome dos ovários policísticos) ou a presença de miomas e pólipos, que podem prejudicar a fecundação.
Porém, acompanhar o ciclo menstrual dia a dia muitas vezes causa ansiedade na mulher, já que o ciclo reprodutivo é inexato por natureza, e ela precisa encontrar os dias de maior fertilidade para manter relações sexuais que resultam em maiores chances de gestação.
Apesar de incerto, o ciclo reprodutivo dá sinais ao corpo sobre os processos internos e mesmo a fecundação e a nidação do embrião podem desencadear reações que se manifestam fisicamente.
O conhecimento acerca do próprio corpo e seu funcionamento é fundamental para que a mulher tenha consciência sobre os próprios processos, diminuindo a ansiedade a respeito deles. Saber identificar as pistas de que houve a fecundação e a fixação do embrião ajudam a mulher a se manter calma e confiante na gestação.
Conheça alguns sinais que indicam o sucesso da fecundação e da nidação lendo o texto a seguir!
A fecundação acontece após uma relação sexual sem contraceptivos durante o período fértil da mulher, cujo pico, ou o dia mais fértil, ocorre aproximadamente no 14o dia após o primeiro da menstruação, em ciclos regulares com intervalos médios de 28 dias entre eles. A fecundação é o momento em que um espermatozoide encontra um óvulo, normalmente nas tubas uterinas, e penetra nele.
É importante lembrar que a partir da ovulação os gametas femininos permanecem viáveis por até 24h nas tubas uterinas, e os espermatozoides sobrevivem até 72h dentro do corpo da mulher. Portanto, a fecundação pode acontecer em até 3-4 dias depois da relação sexual.
A união entre os gametas masculino e feminino gera uma célula primordial (zigoto), cujo núcleo é formado pela fusão dos pronúcleos do óvulo e do espermatozoide, que contêm, cada um, metade do material genético de um ser humano.
Assim, a primeira célula do embrião, composta por essa fusão, contém o material genético de um ser humano completo e começa a se dividir algum tempo depois da fecundação, enquanto se movimenta em direção ao útero, onde deve se fixar no endométrio.
Nesse momento, as primeiras células ainda estão envoltas pela zona pelúcida, uma camada externa que vem da estrutura do óvulo e impede a entrada de mais de um espermatozoide durante a fecundação.
A zona pelúcida permanece no embrião e funciona para manter as suas células unidas.
O primeiro acontecimento do processo de implantação do embrião é a eclosão da zona pelúcida, conhecida com hatching, seguida da fixação no endométrio, a camada que reveste a cavidade uterina. Isso ocorre por volta do 5o ao 7o dia após a fecundação e pode provocar sinais e sintomas em algumas mulheres.
O período entre a fecundação e a nidação pode produzir sinais físicos visíveis para a mulher que está tentando engravidar, mas muitas ainda não conseguem observar essas alterações por desconhecê-los.
Quando a fecundação acontece, algumas mulheres podem apresentar uma cólica leve no 6º ou 7º dia após a relação sexual no período fértil – normalmente mais leve que uma cólica menstrual, podendo ou não estar acompanhada de pontadas no baixo ventre.
Um corrimento rosado, bem discreto, também pode aparecer de 10 a 12 dias após o período fértil. Ele está relacionado a mudanças na composição do endométrio, causadas pelos processos de fixação e nidação do embrião no útero.
Outros sinais, como cansaço e sonolência mais intensos que o habitual, seios inchados com sensação de peso e doloridos, além de uma dor de cabeça leve podem aparecer, principalmente durante as primeiras 4 semanas após a fecundação e nidação, especialmente após a 2ª semana.
É comum que os primeiros sintomas da gravidez, como enjoo matinal e atraso da menstruação, apareçam de 4 a 6 semanas após a fecundação e a nidação do embrião. Nesse momento é possível diagnosticar a gravidez por exame de urina e de sangue, sendo o segundo o mais preciso.
Esses sintomas, porém, não são comuns a todas as mulheres. Algumas podem manifestar apenas um ou alguns, enquanto outras não apresentam nenhum sintoma.
Os sinais desses processos podem, ainda, se confundir com sintomas de outras doenças ou condições que nada têm a ver com a fecundação, como o corrimento rosado ou um ligeiro sangramento, que pode indicar a fecundação-nidação, mas também apontar para acontecimentos fisiológicos como a ovulação e até doenças ginecológicas.
Por isso, é preciso mais do que a atenção ao próprio corpo, manter a calma diante desta espera. Muitas mulheres apresentam sinais de ansiedade nesse período, que podem, inclusive, prejudicar a fecundação em função do aumento das prostaglandinas decorrentes do estresse.
Conhecer o próprio corpo na mesma medida em que se busca conhecer os sintomas das diversas fases da gestação é uma ferramenta importante para manter a calma e ajudar no combate à ansiedade, comum nessa fase.
Compartilhe esse conhecimento e ajude mais mulheres a identificar os primeiros sinais da fecundação!
Ótima explicação.
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